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A perceção dos jesuítas no mundo português: entre o trato de e o gosto por orientalia (sécs. XVI-XVII)
The Perception of the Jesuits in thePortuguese World: between the Tradeof and the Taste of Orientalia (16th-17thcenturies)

Hipogrifo. Revista de literatura y cultura del Siglo de Oro, núm. Esp.1, 2018

Instituto de Estudios Auriseculares

Cristina Osswald

Universidade do Porto, Portugal



Recepção: 11 Maio 2017

Aprovação: 03 Agosto 2017

Resumo: Durante os sécs. XVI e XVII, os jesuítas notabilizaram-se na encomenda de orientalia. Incluía esta encomenda exotica, rarita, naturalia. Tratando-se de homens de religião, uma parte considerável das orientalia encomendadas tinha um carácter religioso. Pelo menos, no início, tais objetos destinavam-se predominantemente à liturgia nas missões. No entanto, os jesuítas rapidamente desenvolveram um apurado gosto pelo colecionismo destes objetos, tendo-se ainda notabilizado no seu comércio. Entre as orientalia que mais interesse despertavam entre os jesuítas, destacavam-se a seda e a prata japonesas transportadas pela Nau do Trato, as rarita indianas, como objetos de ourivesaria e escultura em marfim, ou ainda naturalia e exotica, como pérolas e pedras de bezoar. Os Jesuítas aderiram ainda, de imediato, à moda da porcelana e da laca chinesas.

Os jesuítas foram agentes fundamentais do ponto de vista técnico. A criação das pedras de Goa e a introdução da Púrpura de Cassius deveu-se a jesuítas. Autores jesuítas escreveram ainda importantes tratados técnicos.

O comércio e o colecionismo de orientalia por jesuítas era, muitas vezes, excessivo. No entanto, a repetição de proibições pelo Geral Claudio Acquaviva e pelo Geral Everardo Mercuriano é bem elucidativa da incapacidade das autoridades acabarem com as práticas pouco adequadas a religiosos de possuírem objetos luxuosos e de fomentar o gosto pelo luxo, através da oferta de orientalia.

Palavras-chave: Jesuítas, orientalia, exotica, rarita, naturalia, colecionismo, trato .

Abstract: The Jesuits became reputed commissioners of orientalia, during the16th and the 17th centuries. Their commission of orientalia included exotica, rarita,and naturalia. Due to the fact that they were members of a religious order, aconsiderable part of orientalia had a religious character. At least, at the beginning,those objects were destined mainly to the liturgy in the missions. Nevertheless, theJesuits quickly developed an exquisite collectionism taste of those objects and astraders. Among the orientalia that arose the greater interest among the Jesuits,reference shall be made to Japanese silk and silver transported by the Nau doTrato, Indian rarita, such as jewellery and ivory sculpture, and also naturalia andexotica, such as pearls and bezoar stones. The Jesuits moreover joined immediatelythe interest for Chinese porcelain and lacquerware

The Jesuits were fundamental agents from a technical viewpoint. They are credited with the creation of the Goa stones and the introduction of the Cassius purple. Jesuit authors further wrote important technical treatises.

The trade and collectionism of orientalia by the Jesuits were often excessive.However, the repetition of the interdictions by both the General Claudio Acquaviva and the General Everardo Mercuriano clearly illustrates the incapacity of the authorities to put an end to inappropriate practices to religious men of owning luxurious objects and fomenting the taste for luxury, through the offer of orientalia.

Keywords: Jesuits, Orientalia, Exotica, Rarita, Naturalia, Collectionism, Trade .

«Se não houvesse mercadores que fossem buscar a umas e outras Índias os tesouros da terra, quem havia de passar lá os pregadores que levam os do céu? Os pregadores levam o Evangelho, e o comércio leva os pregadores» (P. António Vieira, História do Futuro)

Contextualização

Os jesuítas não eram a única ordem católica ativa na missão fora da Europa durantea Época Moderna. Porém, eram a ordem mais numerosa, e cujos membros se distri­buíam por uma área mais vasta. Eram ainda os primeiros e únicos missionários em al­gumas regiões, como era o caso do Japão, onde detiveram oficialmente o monopólio da evangelização, até 1600, quando Roma autorizou a entrada das ordens mendicantes 1 .

Orientalia são objetos produzidos, essencialmente, no Oriente, por artistas, e usando igualmente técnicas e materiais predominantemente locais. O fenómeno de orientalização de artistas europeus, embora não tivesse sido comum, existiu, e ligou-se, sobretudo, à Companhia de Jesus. Foi o caso do coadjutor temporal flamengo Markus Maecht (1526-1597), que, em Goa, se especializou na escultura de crucifixos e de oratórios semelhantes a templetes em pau de águila extraído do lignum aloés, madeira indiana muito olorosa 2 .


Figura 01


Figura 02

Segundo nos informa o viajante flamengo Jan Hughen Van Linschotten em fi­nais do séc. XVI, a calamba, madeira de grande qualidade extraída do lignum aloés e o pau de águila eram:

madeiras preciosas muito usadas na Índia para fazer rosários, terços e crucifixos, que são tidos em muita conta, o que compreende bem, pois na verdade têm um aroma muito suave, que ultrapassa o de todas as outras madeiras 3 .


Figura 03

As orientalia eram formadas por exotica, rarita, e naturalia, isto é, objetos produ­zidos com materiais de origem vegetal e animal. Entre os objetos de devoção mais apreciados pelas comunidades religiosas de Quinhentos a Setecentos, destaca­vam-se as esculturas de vulto em marfim, muitas vezes, guardadas no interior de oratórios em madeira com incrustações em marfim, ébano ou madrepérola. Con­servam-se ainda algumas placas em relevo realizadas no mesmo material.


Figura 04

A carapaça da tartaruga constituía um outro material de origem natural muito usado na realização de objetos de devoção e de luxo conservados nas casas religiosas. Fala­mos das incrustações de tartaruga em cruzes, estantes, rosários, caixas para as hóstias ou relíquias ou ainda para guardar produtos de uso quotidiano, como óculos, ou tabaco 4 .

A madrepérola era trabalhada em toda a Índia. No entanto, os trabalhos mais complexos e mais apreciados no âmbito português provinham do Guzerate, no­meadamente da cidade de Diu:


Figura 05

Fazem também todo o género de escrivaninhas, armários, malinhas, embuti­das e lavradas com madrepérola, sendo tudo levado para toda a Índia, e principal­mente para Goa e Cochim 5 .

Outros naturalia muito populares dentro e fora dos meios eclesiásticos eram bolas de porco-espinho, rarita em coral, rosários de contas de âmbar, bálsamo, da palmeira de Ambalacata, localidade perto de Goa, de madeira do Japão, tamarindo, cristal de rocha, e sobretudo do coco das Maldivas, do Ceilão e da Índia. De igual modo, as pedras de bezoar ou bazar, que são pedras que se encontram no estôma­go dum tipo de cabras vivendo em Lara, Pérsia, e dos porcos-espinhos selvagens do Sudeste insular da Ásia, e que podiam ser enriquecidas com luxuosas molduras, eram comercializadas nos vários continentes e guardadas com grande cuidado nas Wunderkammern (câmaras de milagres) mais prestigiadas da Europa.

A procura dos bezoares cresceu muito nos sécs. XVI e XVII, pois acreditava-se, que tais objetos tinham propriedades curativas. A sua circulação no contexto por­tuguês deveu-se a que várias cidades portuárias da Índia Portuguesa, como Goa ou Cochim, se desenvolveram, como entrepostos da sua circulação entre o Oriente e a Europa 6 . Citamos, a propósito de várias naturalia, o visitador jesuíta André Pal­meiro:

Uma pessoa secular me mandara hum cofrezinho dourado com algum fei­tio de madrepérola, uns copinhos de corno de abada [rinoceronte], uma pedra de porco-espinho, que ainda que não é de Malaca, é o verdadeiro porco-espinho. A pedra bazar, que vai ornada de ouro, me deu o Bispo de S. Tomé, (…), uma pedra de porco-espinho mandei pedir a Malaca 7

Por sua vez, os cocos eram, desde a década de 1530, enviados das Maldivas, da Ásia, das Seicheles, e da África para a Europa e para o Brasil. Alguns chegavam à Europa já enriquecidos com uma rica montagem em prata realizada por artesãos orientais, como foi o caso dum coco enviado via Lisboa para o Papa em 1581 8 . Os dentes de abada, com os quais, se realizavam bocetas (pequenos cofres), copos e manilhas eram produtos de origem natural que despertavam, de igual modo, gran­de interesse entre leigos e religiosos.

Os jesuítas notabilizaram-se na encomenda, como comerciantes e como co­lecionadores de orientalia. Tratando-se de homens de religião, uma parte consi­derável das orientalia encomendada tinha um carácter religioso. Pelo menos, no início, tais objetos destinavam-se predominantemente à liturgia nas missões.

Além da função litúrgica e devocional de muitos destes objetos, deve-se men­cionar motivos puramente estéticos e culturais, de colecionismo, assim como o valor económico dos mesmos objetos. Desenvolveu-se, assim, o comércio de objetos de cariz religioso por parte dos missionários. Foram, aliás, instituídos os chamados procuradores da missão que estavam encarregados, nos dois sentidos, da compra e do transporte de todo o tipo de objetos entre a Europa e as missões fora da Europa. Em 1610, o Geral Claudio Acquaviva, conhecido pela sua rigidez, permitiu, no entanto, que os procuradores da Província de Goa pudessem realizar algum negócio de leigos para financiar esta missão 9 . Deve-se ainda mencionar as compras não oficiais, seletivas e para satisfazer gostos e encomendas de jesuítas ou de terceiros.

Certamente, a posse de orientalia por membros da Companhia de Jesus foi favorecida pela adesão à prática das ofertas enraizada no Oriente. Em 1591, o Grão Acbar ofereceu duas alcatifas muito valiosas aos jesuítas de Goa, que foram, de imediato, colocadas ao serviço na capela-mor da Igreja de S. Paulo na mesma localidade. A mesma oferta incluía ainda um dente de abada e um copo numa liga de cobre e zinco feito na Indochina, que o P. Martins enviou para o Geral da Com­panhia, o P. Claudio Acquaviva. Até à chegada do Vice-rei D. Luís de Atouguia a Goa em 1608, os sagoates ou saugates, ou seja, ofertas dos príncipes indianos aos vice-reis, eram sempre doadas ao Colégio de S. Paulo 10 . Estes e outros presentes valiosos eram, por vezes, vendidos, constituindo uma fonte de receita adicional 11 .

Alessandro Valignano, no seu modo soave, ou estratégia de conversão pela acomo­dação, referia a necessidade de fazer dádivas aos diversos senhores gentios, para os manter benévolos, conforme o costume do Japão. De facto, rapidamente, os jesuítas incluíram esta prática na sua estratégia de acomodação, por se tratar duma prática universal em determinados locais e assim condição obrigatória para contactar os po­vos locais. Através das ofertas, pretendia-se que alguns os ajudassem, outros não im­pedissem os jesuítas de os fazer cristãos 12 . Isto é, as ofertas por parte dos jesuítas aos não orientais tinham como objetivo declarado criar um clima favorável aos contactos.

Mas Valignano, também se destacou, enquanto defensor da prática de ofertas de orientalia a europeus. Conhecedor do gosto de funcionários régios e religiosos pela posse deste tipo de objetos, considerava que os jesuítas deviam ser autoriza­dos a proceder a compras com esta intenção 13 .

Tais práticas atingiam, porém, um grau de imodéstia, que suscitava críticas acérrimas! Em especial, Claudio Acquaviva preocupava-se com a atração dos seus companheiros por ofertas pouco modestas! Procurava combater a apetência de alguns dos seus companheiros pela posse de objetos de considerável valor eco­nómico. Assim, em 1582, ordenou aos companheiros no Oriente que distribuíssem as ofertas recebidas pelos fiéis entre os pobres e os catecúmenos, caso as igrejas jesuítas não necessitassem das mesmas.

Tal instrução não teve, porém, grande sucesso! Em 1585, o mesmo Acquaviva viu­se obrigado a advertir os superiores do Oriente a que não exagerassem nos presentes a gentios e portugueses. A intenção de tais ofertas devia limitar-se «a ganhar ou con­servar a benevolência» 14 . Em 1587, ordenou ao então Provincial Alessandro Valignano que evitasse o mais possível gastos supérfluos em presentes, especialmente no Ja­pão 15 . Em 1601, admoestou os seus companheiros, para que não possuíssem coisas curiosas contrárias à pobreza. Em 1613, proibiu o envio de «coisas curiosas ao reino» 16 .

Alguns anos antes, em 1601, tinha ordenado:

Não se deve molestar os externos, pedindo-lhes tecidos de seda para a de­coração excessiva das igrejas da igreja. A decoração deve ser modesta e chegar apenas à grade do coro 17 .

Ou seja, Acquaviva considerava que mesmo a decoração de igrejas devia ser modesta. Procurava ainda evitar que os membros da Companhia dependessem demasiado da generosidade de externos.

Everardo Mercuriano, sucessor de Acquaviva, mostrou igualmente preocupação com a questão dos presentes. Em 1618, proibiu os jesuítas de oferecerem presentes aos seculares, com exeção das pessoas muito beneméritas, a quem os jesuítas de­viam assim mostrar a sua gratidão. Dois anos depois, limitou o envio de ofertas por parte dos missionários a objetos religiosos de pouco valor, como relicários, Agnus Dei, rosários e cartapácios, e a pedras de bezoar ou outros objetos com funções medici­nais. Por fim, em 1623, proibiu os superiores de pedir ou aceitar dinheiro ou peças para comprarem presentes, com exceção de beneméritos ou funcionários da Coroa 18 .

os jesuítas e a nau do trato ou o navio Preto (korofune)

O financiamento régio, não obstante ter sido, por norma, generoso, nunca foi suficiente para assegurar o funcionamento da missão jesuíta do Oriente na sua to­talidade. Ademais, nem sempre as somas prometidas se concretizavam na prática. Os jesuítas preocuparam-se ainda em manter algum espaço de manobra relativa­mente ao poder político.


Figura 06

Procuraram, por isso, encontrar outras fontes de financiamento, incluindo as atividades comerciais. Francisco Xavier foi um dos primeiros membros da Com­panhia a advogar o envolvimento dos missionários com o trato. Em 1548, observou que a venda de tecidos de Baçaim nas Ilhas Molucas, com um lucro de 500%, era o melhor modo de obter financiamento para esta remota missão 19 .

Os famosos biombos namban inicialmente encomendados pelos portugueses constituem um documento visual da Nau Negra, Nau do Trato ou korofune em ja­ponês. Pois ilustram a viagem, a chegada, os negócios e a presença obrigatória de padres jesuítas, não apenas como missionários, mas também como agentes com interesses diretos no mesmo trato.

Viviam os jesuítas do Extremo Oriente à sombra do korofune! A partir de 1557, esta nau ligando Goa a Nagasaki, Japão, passou a fazer uma paragem em Macau, onde existia uma procuratura no Colégio de S. Paulo para o comércio dos pro­dutos, como a seda ou a prata, trazidos pela nau. Em 1571, Nagasaki foi doada aos jesuítas, com o objetivo de tornar esta então obscura vila de pescadores no porto terminal da Nau do Trato 20 . Em 1594, a cessação do trato direto entre a Chi­na e o Japão levou à participação crescente de mercadores portugueses e outros europeus, incluindo jesuítas, no mesmo trato. Em 1595, o Padre João Rodrigues (Tçuzzu) assumiu o cargo de representante comercial do Imperador Hideyoshi em Nagasaki, cargo que manteve até 1610, quando deixou o Japão. Nessa altura, este cargo foi transmitido a um inglês ao serviço dos holandeses 21 .

Numa viagem ordinária, a nau partia de Goa entre Abril e Maio carregada com tecidos de algodão, tecidos indianos, objetos de cristal, vidro, relógios flamengos e vinhos portugueses. Também carregava, algumas vezes, objetos mais raros para serem oferecidos aos dáimios (poderosos senhores) japoneses.

A nau aportava um mês depois em Malaca. Parte da carga era trocada nesta cidade por especiarias, madeiras aromáticas, como o sândalo e o aloés, e ainda peles de animais. De Malaca, a nau partia para Macau, onde chegava entre Junho e Agosto, e onde permanecia 10 a 12 meses. Em Macau, além da seda da China, a nau carregava porcelana, almíscar e ouro, partindo então para Nagasaki, onde chegava até um mês depois. Neste último entreposto, recebia prata, mobiliário, biombos, objetos lacados e espada, iniciando-se então a viagem de regresso com paragem em Macau, onde se trocava prata por seda. Regressava a Goa transpor­tando ouro, seda, porcelana 22 .

O envolvimento dos jesuítas com o lucrativo trato da seda chinesa transportada pela Nau do Trato iniciou-se com a entrada de Luís de Almeida na Companhia em 1550. Nessa altura, este antigo comerciante investiu a sua fortuna de 40,000 ducados no negócio deste produto. Mas foi Alessandro Valignano o principal mentor do envol­vimento oficial da Companhia com o trato deste produto, para financiar a atividade evangelizadora no Japão. Mais precisamente, em 1578, acordou com os mercadores de Macau que os lucros dos 50 picos por estes transportados seriam destinados à Missão do Japão, o que permitiria que esta missão obtivesse rendimentos anuais no valor de 12,000 pardaus 23 . Foram ainda os jesuítas intermediários no negócio do investimento de prata japonesa em seda chinesa realizado por dáimios 24 .

Tal envolvimento com o trato da seda assumiu características consideradas condenáveis. Em 1585, numa carta dirigida precisamente a Alessandro Valignano, o Geral Claudio Acquaviva observava que este comércio tinha sido uma isenção necessária para a salvação de tantas almas, mas involuntária e ad tempus por parte da Companhia e do Sumo Pontífice. Como o rei tinha, entretanto, provido as necessidades da Companhia, os jesuítas deviam abandonar este comércio, devido ao escândalo que este causava em Macau e em Cantão 25 .

A atividade comercial dos jesuítas no Japão era aliás tão importante que levou Valignano a criar o cargo de procurador do Japão destinado à fiscalização e à rentabilização dos investimentos e era um cargo único no organograma da Com­panhia 26 . Também neste caso ter-se-iam verificado abusos vários, como lemos numa carta de 1617 pelo franciscano Sebastian di San Pietro. Considerou este que a principal origem para as perseguições dos cristãos no Japão tinha sido a frau­de, nomeadamente uma contabilidade pouco clara, cometida pelos jesuítas com a prata dos shoguns (comandantes do exército) e dos dáimios 27 .

Aliás, a própria Coroa desaprovava o trato jesuíta, tendo alguns monarcas pro­curado abolir o mesmo. Em 22 de Fevereiro de 1589, o rei ordenou ao Vice D. Duarte de Meneses que proibisse os jesuítas de trazer cobre da China para o lavrarem por sua conta na ribeira de Goa. Em 1609, interditou os missionários do Japão de realizarem qualquer comércio e, em 1610, tentou proibir o negócio de dinheiro e mercadorias de religiosos em várias regiões da Índia 28 .

O viajante francês Pyrard de Laval considerava a rua direita que partia do Palá­cio do Governador, como a mais bonita rua de Goa. Descreve esta rua, como uma rua repleta de negócios de lapidários, ourives, banqueiros e os mais ricos e me­lhores mercadores portugueses, italianos ou alemães, e outros ocidentais 29 . Pois, Goa era o centro do comércio das pedras preciosas na Ásia no período em estudo. Vendiam-se aí os diamantes do Decão e de Bisnaga, as safiras, as ametistas, as pérolas do Ceilão (actual Sri Lanka), da China, de Ormuz e de Sofala, as turquesas da Pérsia, ou diamantes de Bisnaga, de Massulpatão ou Mascate, o ouro de Sofala, ou mesmo as ágatas e esmeraldas da América Central 30 .

Aproveitando a existência ancestral de artistas de grande qualidade, incluindo os ourives de Goa e escultores de marfim e lapidários em Goa, e de outras cida­des da Índia, em especial em Diu, rapidamente desenvolveu-se uma importante produção de objetos em materiais preciosos, como ouro, prata, marfim, tartaruga, madrepérola e que tinham funções devocionais ou serviam para ofertas. Era o caso duma cruz de ouro maciça e enriquecida com toda a qualidade de pedras preciosas vista pelo mesmo viajante Pyrard de Laval na igreja do Bom Jesus de Goa e que teria sido depois oferecida ao papa 31 .

A quantidade e a qualidade dos relicários realizados na Índia ilustravam o gos­to tridentino pelas relíquias. Alguns relicários protegiam relíquias do reino, como aconteceu com o busto relicário realizado com prata oferecida pelo Vice-rei em 1552 para colocar o crânio transportado de Colónia, Alemanha, para Goa, e que se acreditava ser de Santa Gerásima, uma das onze mil virgens 32 .

Naturalmente, relíquias do Santo Lenho eram objeto de especial reverência. Em 1559, uma procissão partia da Sé de Goa, na qual uma cruz do Santo Lenho era transportada 33 . Em 1572, uma relíquia do Santo Lenho (talvez a relíquia supra) en­castoada numa custódia em ouro e prata feita e cristal muito fino com as esmolas angariadas pelos jesuítas em Goa foi levada com todo o cerimonial pela cidade de Goa 34 .

As relíquias veneradas no Oriente, seriam, de facto, impressionantes pela quan­tidade e pela qualidade. Acreditava-se então que seriam relíquias de primeira qualidade, ou seja, relíquias corpóreas e de contacto com figuras fundamentais do Cristianismo. Por exemplo, o jesuíta e cronista do Oriente Sebastião Gonçalves escreveu, que, numa cruz-relicário da Igreja do Colégio de Margão, se encontravam relíquias do Apóstolo S. Paulo, e dos doutores da Igreja S. Boaventura e S. Jeróni­mo 35 .

Em especial, a trasladação do corpo incorrupto de S. Francisco Xavier para Goa em 1554, reflectiu-se na proliferação de relicários e outros objetos litúrgicos rela­cionados com esta figura fundamental da Missão do Oriente. Lemos numa carta escrita pelo P. M. Barul em 1555, que durante a paragem em Cochim do cortejo que levava o corpo de S. Francisco Xavier de Malaca para Goa, a devota Maria Serrão tinha recebido bocados do cinto usados pelo santo. A mesma devota mandou en­tão fazer um precioso relicário em prata para conter estas relíquias de contacto 36 .


Figura 07


Figura 08

O mais importante relicário jesuíta do mundo português da Época Moderna era precisamente o mausoléu em prata realizado por artistas goeses entre 1636 e 1637 para guardar o corpo do santo. Também em Goa, se encontra ainda um cofre realizado c. 1670-1680 para a sua sobrepeliz, uma imagem em prata datada de 1679, assim como uma sacra em prata branca e dourada de finais do séc. XVII. Esta sacra evoca o célebre, mas falso milagre, segundo o qual, um caranguejo teria devolvido a Francisco Xavier a cruz alegadamente por ele perdida, durante uma tempestade no mar perto da Nova Guiné na Primavera de 1546 37 .

No Museu Nacional Machado de Castro, Coimbra, conserva-se a famosa cruz relicário também de manufatura indiana, e onde, reza a tradição, se teria colocado a cruz recuperada pelo caranguejo. Por fim, no Museu de S. Roque, Lisboa, pode-se admirar um cofre relicário em forma de templete, datável de 1686-1690. Esta peça, antes pertença dos Condes de Nova Goa, encerra várias relíquias de S. Francisco Xavier, como uma casula em tela encarnada, cabelos e parte do dedo arrancado com a boca em 1554 por D. Isabel de Cron, antepassada desta família goesa 38 .

A alguns destes objetos valiosos atribuía-se uma origem milagrosa. Por exem­plo, a Notícia Terceira das Relíquias insignes que se acham nos Santuários dos Padres da Companhia de Jesus da Província de Goa na Índia de meados do séc. XVIII, diz que no Noviciado de Chorão se guardava uma valiosa cruz. Pois tratar­se-ia duma das muitas cruzes formadas miraculosamente num tronco duma ár­vore no Japão, da qual, os inimigos teriam antes cortado paus para martirizar os missionários 39 .

Entre as encomendas mais notáveis de jóias realizadas por religiosos, destaca­se a encomenda a Alessandro Valignano duma enorme quantidade de jóias feita em 1568 por Tolomeo Galli, secretário de Estado do Papa Gregório XIII. Esta enco­menda, que atingiu o muito elevado valor de mil cruzados, consistia em quarenta pérolas, com as quais foram realizados um colar, e ainda seis diamantes e seis rubis 40 .

Os jesuítas foram participantes ativos no comércio de diamantes e de outras pedras preciosas, por conta própria, ou por comissão de outros. Jean-Baptiste Tavernier, comerciante francês de pérolas, comentava, nas suas viagens à Índia publicadas em 1676, que os jesuítas de Goa e de outras cidades indianas faziam um notável comércio de diamantes em bruto, que enviavam para a Europa. Aliás, os jesuítas estavam envolvidos no transporte de diamantes via Portugal, tendo, por hábito, esconderem, durante e mesmo, um ou dois dentro das roupas de faquirs (ascetas realizando atos com grande poder de domínio mental sobre o corpo) ou peregrinos indianos que vestiam com grande naturalidade. Pois alguns destes pa­dres tinham nascido no Oriente e falavam as línguas locais 41 .

Na Costa da Pescaria, uma das principais zonas de pérolas do Oriente, um quarto dos lucros obtidos com a venda das pérolas destinava-se à Companhia de Jesus 42 . Os jesuítas financiavam ainda as suas atividades evangélicas na Índia, comprando pérolas a soldo de comerciantes de Goa 43 . Aliás, em 1614, Claudio Ac­quaviva permitiu que os provinciais da Índia mandassem para o Reino as pérolas que recebiam de esmola, para aí serem vendidas 44 .

Os jesuítas envolveram-se igualmente com a venda de pedras de bezoar pro­venientes de Sinde, Norte da Índia, assim como de pedras cordiais ou pedras de Goa que eram uma mistura de coral branco e rosa com pedras bezoares criadas por Gaspar António, boticário do Colégio de S. Paulo de Goa no séc. XVI e autor da obra Pedras de Goa 45 . Os lucros obtidos com este comércio eram tão grandes que motivaram a falsificação e, com isso, a concessão do monopólio da sua produção ao Colégio de Goa por provisão régia datada de 1699 46 .

Contas e rosários de calamba suscitaram o interesse papal. Numa carta escrita em 1578 a partir de Lisboa, o P. Martim da Silva informa o P. Geral Everardo Mercu­riano que, tinha finalmente conseguido satisfazer o pedido de Gregório XIII. Após aturadas buscas, tinha descoberto umas contas de calamba de grande qualidade, encontrando-se em negociações para as adquirir 47 . Tal interesse devia-se a que esta madeira ter um carácter particularmente sacro para os cristãos. Na tradição hagiográfica do Sul da Índia, a calamba corresponderia à madeira de S. Tomé, com a qual, mais precisamente, com um só tronco da mesma, o Apóstolo teria construí-do a casa do rei 48 .

Mas os jesuítas também eram apreciadores de todo o tipo de exotica de origem natural. Uma carta escrita de Goa em 1578 pelo missionário português Pedro Parra diz:

Uma caixa enviada nesse ano ao Provincial de Toledo António Cordeses con­tinha três dentes, uma unha, um corno, sangue e couro de rinoceronte, duas pe-quenas pedras de bazar e uma pedra de porco-espinho, doze coroas de dente de cavalo-marinho, uma unha de rinoceronte, quatro pedaços de pau de cabra e três bocados de cocos das Maldivas 49 .

A porcelana chinesa era muito apreciada, devido à dureza do material, ao seu brilho, à sua finura e ainda à sua transparência. As primeiras referências escritas a porcelana na Europa devem-se a Marco Polo. É, aliás, possível, que o mesmo via­jante tenha trazido para a Europa vários objetos de porcelana, incluindo um vaso referido no Tesouro de S. Marcos, Veneza, por um inventário do séc. XIII 50 .

Em 1501, entre os produtos exóticos levados para o rei D. Manuel encontravam­se porcelanas. Com a chegada a Malaca, e à China, o interesse português por estes produtos foi aumentando, não havendo governador, capitão, feitor, ou simples comerciante que não desejasse possuir porcelanas. Tal interesse significou ainda a criação da assim chamada porcelana de encomenda, ou seja, uma porcelana criada por comissão de portugueses.

Em 1585, o então Provincial de Goa Alessandro Valignano fez uma vultuosa en­comenda de porcelana na China, que depois distribuiu entre a comunidade do Co­légio de S. Paulo e os habitantes da Casa Professa de Goa 51 . Já desde finais do XVI, a louça de porcelana era muito difundida em Goa 52 . Alguns anos depois, em 1590, o jesuíta Fernão Cardim e os seus companheiros foram recebidos por um sacerdote com uma refeição de várias iguarias servidas em baixela de porcelana da Índia no Brasil, mais precisamente em Santa Cruz, junto a Porto Seguro 53 . Depreendemos, assim, que porcelana em quantidade apreciável e a bom preço chegava ao remoto Brasil, desde finais do séc. XVI, pelo menos.


Figura 09

As fontes documentais e a existência relativamente abundante de porcelana com as armas das ordens religiosas apontam para a popularidade deste tipo de louça entre os seus membros. Destaca-se um conjunto de potes na Casa Museu Dr. Anastácio Gonçalves, Lisboa, datados de meados do séc. XVII e que terão sido uma encomenda do Colégio de S. Paulo de Macau aos companheiros da Missão da China, segundo levam a supor as iniciais SP neles pintadas. A porcelana tradi­cional era também apreciada, como podemos ver nos inventários dos bens dos jesuítas datados do início do séc. XVII. Os jesuítas também tiveram importância no desenvolvimento técnico da porcelana. A púrpura de Cassius, trazida para a China pelos missionários jesuítas em 1685, foi usada a partir do início do séc. XVIII como pigmento na decoração da Família rosa, uma porcelana que se caracteriza pela predominância desta cor nos motivos pintados 54 .


Figura 10

A laca era um outro produto chinês muito admirado no resto do mundo. A laca, que na China era produzida a partir da resina Rhus vernicina extraída da árvore da laca, a Qi shu, caracteriza-se pela impermeabilidade, pela resistência a altas tem­peraturas e pelo facto de poder ser aplicada a uma série de suportes materiais: a madeira, o bambu, o couro, a fibra têxtil, o papel, o corno, o bronze, a cerâmica e a pele de peixe 55 . Esta moda da laca da China, também designada como charão nas fontes portuguesas, proliferou em forma de mesas, molduras de espelhos, caixas de relógios de parede, armários ou tabuleiros.

Tal divulgação de objetos em laca na Europa liga-se à própria Expansão, tendo­se iniciado verdadeiramente na segunda metade do séc. XVI, de acordo com fon­tes documentais em parte devidas a autores jesuítas. O Atlante Cinese do jesuíta italiano Martino Martini publicado em 1655 em Amsterdão é uma das primeiras obras que mostra o apreço dos ocidentais pela laca. De 1696 data a obra Nouveau Memoire sur l’etat presente de la Chine pelo jesuíta francês Louis Lecomte, que descreve os processos usados na decoração do mesmo produto.

Conclusões

A relação dos jesuítas com as orientalia —naturalia, exotica ou rarita— foi inten­sa e decisiva. Como observámos ao longo deste texto, os jesuítas distinguiram-se, durante dois séculos, como encomendadores, comerciantes, e colecionadores de todo o tipo de orientalia.

Compreensivelmente, uma parte considerável das orientalia encomendadas por estes religiosos era de carácter devocional ou litúrgico. Neste texto, este aspeto foi sobretudo ilustrado com a ourivesaria sacra realizada na Índia e em grande medida relacionada com figuras locais, em especial, S. Francisco Xavier. A posse privada ou coletiva de orientalia era, ademais, com frequência, devida a motivos estéticos, culturais, e económicos. Foi ainda referida a adesão dos jesuítas à prática das ofer­tas enraizada no Oriente, e que se estendeu à Europa.

As orientalia eram predominantemente realizadas por artistas e artesãos orien­tais conhecidos pela sua grande qualidade técnica. Porém, alguns europeus, em especial, membros da Companhia de Jesus, passaram a realizar orientalia, como se fossem artistas orientais.

Notabilizaram-se os jesuítas no comércio duma variedade de produtos, como a seda da China, as pérolas e os diamantes de várias partes da Ásia, e ainda de pedras de bezoar. O seu envolvimento com o comércio justificava-se pela necessi­dade de financiamento da missão, e ainda como para manter a sua independência do poder político.

Além de apreciadores e comerciantes de orientalia, os jesuítas também foram fundamentais do ponto de vista técnico. A criação das pedras de Goa e a intro­dução da Púrpura de Cassius na manufatura da porcelana deveu-se a jesuítas. Autores jesuítas compilaram ainda importantes obras escritas de divulgação de conhecimentos técnicos.

O trato de orientalia por jesuítas era, muitas vezes, considerado excessivo. No entanto, a repetição de proibições pelo Geral Claudio Acquaviva e posteriormente pelo seu sucessor Everardo Mercuriano é bem elucidativa da incapacidade das au­toridades acabarem com as práticas pouco adequadas a religiosos de possuírem objetos luxuosos e de contribuírem para fomentar o gosto pelo luxo, por exemplo, através da oferta e do envio de todo o tipo de objetos de feitura oriental dentro e fora da Companhia.

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Lista de imagens

1. Rosário de contas de calamba e prata com cruz em ouro, séc. XVII, Índia, Bens Conventuais, Portugal.

2. Escultura do Bom Pastor, marfim com vestígios de policromia, séc. XVII, alt. 72,5cm, Museu-Biblioteca da Casa de Bragança, Vila Viçosa, Portugal. Imagem da autora.

3. Cofre das relíquias dos santos mártires, tartaruga e prata, 16x21 e alt: 13cm,Índia, finais do séc. XVI, Igreja de S. roque, Lisboa.

4. Cofre, madrepérola, prata, teca, interior lacado a vermelho, 17x23x13, Índia, séc. XVII, Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa.

5. Pedra de bezoar numa montagem de filigrana de oro, 9, Goa, finais do século XVI, Kunsthistorisches Museum, Viena, <https://www.upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/37/Bezoar_Kunsthistorisches_Museum_Vienne_09042013.jpg>.

6. Biombo Namban com a representação da Nau Negra, atr. A Kano Naizen, finais séc. XVI-início do séc. XVII, Kobe, Kobe City Museum, <https://www.commons.wikimedia.org/wiki/File:NanbanCarrack.jpg>.

7. Túmulo-relicário em prata com o corpo incorrupto de S. Francisco Xavier, artesãos indianos, 1636-1637, sobre estrutura em pietre dure, mármore e prata por Giovanni Battista Foggini, 1698, Goa, Basílica do Bom Jesus. Fotografia da autora.

8. Cofre com a sobrepeliz de S. Francisco Xavier, ourives goeses, prata, segundametade do séc. XVII, Goa, Museu de Arte Cristã. Fotografia da autora.

9. Vaso, Porcelana Branca decorada com cobalto azul sobre o vidrado, China, Período de Transição, c. 1625-1650, Casa Museu Anastácio Gonçalves, Lisboa.

10. Biombo, artistas de Guangzhou (Cantão), Província de Guangdong, madeira,laca, ouro, Dinastia Qing, 1720-1730, Peabody Essex Museum, Salem, Massachussetts.

Notas

1. Os franciscanos iniciaram a sua atividade missionária no Japão em 1590, a partir das Filipinas

2. Dias, 1998, vol. I, p. 30.

3. Itinerário, Viagem ou Navegação de Jean Hughen van Linschoten, p. 251.

4. Osswald, 2007a, pp. 260-261.

5. Itinerário, Viagem ou Navegação de Jean Hughen van Linschoten, p. 93.

6. Borschberg, 2006, p. 63.

7. ARSI, GOA 18, Malab. Epist. 1620-1679, Carta de André Palmeiro a Nuno de Mascarenhas, 20 de Dezembro de 1620, Cochim, fol. 30v.

8. ARSI, Lusit. 68, Lista de las cosas que van de Portugal para la Casa de Roma, las cuales van con el P. Sabino en la nave que parte de Lisboa en fin de outubro de 1581, fol. 313.

9. Dois Compêndios, p. 477.

10. Osswald, 2007a, p. 256.

11. Dois compêndios, p. 473.

12. Valignano, Apología de la Compañía de Jesús de Japón y China (1598), p. 9.

13. «Carta de Alessandro Valignano ao Geral Claudio Acquaviva, 28 de Dezembro de 1585», in Documenta Indica, vol. XIV, pp. 268-270.

14. Dois compêndios, pp. 470 e 463.

15. «Carta de Claudio Acquaviva a Alessandro Valignano, Roma, 27 de Janeiro de 1587», in Documenta Indica, vol. XIV, p. 594.

16. Dois compêndios, pp. 411-412.

17. «Instrução de Geral Claudio Acquaviva al Provincial de Goa Nicolau Pimenta, Dezembro de 1601», in Auszügen aus den Briefen der Jesuitengeneräle, p. 149.

18. Dois compêndios, p. 473.

19. Boxer, 1989, pp. 528-529.

20. Boxer, 1989, p. 2.

21. Curvelo, 2010, pp. 16-17.

22. Curvelo, 2010, p. 14.

23. Alden, 2000, p. 60.

24. Boxer, 1989, p. 11.

25. «Carta de Cláudio Aquaviva a Alessandro Valignano, Roma, 24 de Dezembro de 1585», in Documenta Indica, vol. XIV, p. 151.

26. Oka, 2008, p. 360.

27. Oka, 2008, p. 364.

28. Martins, 2002, pp. 227-228.

29. Voyage de Pyrard de Laval aux Indes Orientales, vol. II, p. 581.

30. Godinho, relação do novo caminho que fez por Terra e Mar Vindo da Índia para Portugal no Ano de 1663, pp. 20-21 e p.75, e Itinerário, Viagem ou Navegação de Jean Hughen van Linschoten, p. 58 e p. 89.

31. Voyage de Pyrard de Laval aux Indes Orientales, vol. II, p. 585.

32. «Carta de Luís Fróis aos companheiros de Coimbra, Goa, 1 de Dezembro de 1552», in Documenta Indica, vol. II, pp. 475-476.

33. «Carta de Francisco Durão SJ a Pedro Sequeira SJ, Goa, 15 de Novembro de 1559», in Documenta Indica, vol. IV, p. 359.

34. «Carta de Eduardo Leitão ao Geral Francisco de Borja, Goa, 5 de Novembro de 1572», in Documenta Indica, vol. VIII, p. 585.

35. Gonçalves, Primeira parte da historia dos religiosos da Companhia de Jesus, vol. II, p. 102.

36. «Carta de Miguel Barul SJ aos companheiros de Coimbra, Goa, finais de 1555», in Documenta Indica, vol. III, pp. 428-429.

37. Silva, pp. 213-215 e p. 228.

38. Osswald, 2007b, p. 125.

39. Academia Real da História, Cód. 708, Notícia Terceira das Relíquias insignes que se acham nos Santuários dos Padres da Companhia de Jesus da Província de Goa na Índia, fol. 73.

40. Dias, 1998, p. 30.

41. Tavernier, Travels in India, vol. II, p. 304.

42. Itinerário, Viagem ou Navegação de Jean Hughen van Linschoten, p. 266.

43. Borges, 1994, p. 66.

44. Dois Compêndios, p. 469.

45. Alden,1996, p. 543.

46. Costa, 1948, p. 8.

47. «Carta del P. Martim da Silva al General Everardo Mercuriano, Lisboa, 18 Marzo 1578», in Documenta Indica, vol. XI, pp. 157-158.

48. «Carta de Francisco Pasio a Lourenço Pasio, Goa, 28 Octobre/ 30 Noviembre 1578,» in Documenta Indica, vol. XI, pp. 370-371.

49. «Carta do P. Pedro Parra ao Provincial de Toledo António Cordeses, Goa, 28 de Outubro de 1578», in Documenta Indica, vol. XI, p. 330.

50. Dias, 1998, p. 434.

51. «Carta de Lourenço Pinheiro, consultor, a Cláudio Acquaviva, Goa, 18 de Dezembro de 1585», in Documenta Indica, vol. XIV, p. 119.

52. «Enformação das Fortalezas e lugares da India (1568)», in Duas relações sobre a Índia Portuguesa (1961), p. 143.

53. Cardim, «Carta de Fernão Cardim ao Geral, 1 Maio de 1590», in Cardim, Tratados da terra e gente do Brasil, p. 244.

54. Dudink, 1996, p. 136.

55. Carvalho, 2001, pp. 19-20.

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